I – Definição
O Grupo de Oração é a célula fundamental da Renovação Carismática, através do qual pessoas engajadas, líderes e servos – a través de encontros, orações e formação – buscam “fazer acontecer um processo poderoso de renovação espiritual, que transforma a vida pessoal do cristã e todos os seus relacionamentos com Deus, com i Igreja a Comunidade”¹.
Podemos também dizer que o Grupo de Oração é uma comunidade carismática presente numa diocese, paróquia, capela, colégio, universidade, presídio, empresa, fazenda, condomínio, residência, que cultiva a oração, a partilha e todos os outros aspectos de vivencia do Evangelho, a partir da experiência do batismo no Espírito Santo e que, conforme a sua especificidade e mantendo sua identidade, se insere no conjunto da pastoral diocesana ou paroquial, em espírito de comunhão, participação, obediência e serviço.
II – Objetivo
“O objetivo do Grupo de Oração é levar os participantes a experimentar o pentecostes pessoal, a crescer e chegar a maturidade da vida plena do Espírito, segundo os desejos de Jesus: ‘Eu vim para que as ovelhas tenham vida e a tenham em abundância’ (Jo 10, 10b)”2
III – O Coordenador do Grupo de Oração
Cada grupo de oração deve ter um coordenador que num trabalho conjunto com o Núcleo de Serviço, é responsável por ele.
O coordenador deve estar sempre a serviço (cf. Mt 20, 25-28). A do serviço é o amor. O coordenador conhecendo as necessidades das pessoas que participam do Grupo de Oração, agindo com toda sabedoria e discernimento do Espírito, deve buscar a unidade do grupo (cf. 17, 12).
O coordenador não deve fazer nada mecânica ou superficialmente. Para isso, deve pedir os dons do Espírito Santo, principalmente os da sabedoria, entendimento e discernimento, por isso o coordenador deve ser uma pessoa de intensa vida de oração e de escuta, para que Jesus seja o Senhor do grupo de oração e o Espírito Santo o conduza.
É importante que o coordenador observe outros coordenadores e troque experiências, bem como visite outros grupos para absorver os frutos da oração comunitária de maneira mais livre, sem que esteja na condução da reunião.
Em resumo, são características do bom coordenador:
- Aberto, acolhedor, não se abate facilmente, é artífice da unidade e da paz (cf. 2 Tim 1, 6-9)
- Organizado, obediente, de boa intenção(cf. Bar 6, 59-62).
- Tem consideração com os outros (cf. I Tes 5, 12, 13).
- Caminha no Espírito (cf. Gl 5, 24-26)
- Tem domínio, encorajando os tímidos, controlando os faladores.
- Tem zelo, ordem, compromisso e pontualidade.
- Tem uma mentalidade aberta à ação do Espírito Santo, sendo aberto as mudanças (cf. Rm 12, 2)
- É conhecedor da doutrina da Igreja
Ainda é necessidade que o coordenador:
- Dê oportunidade a todos.
-Apóie e reconheça o crescimento do irmão.
- Faça servos e líderes, melhores que ele.
Cabe também ao coordenador discernir com o núcleo de serviço as necessidades do Grupo de Oração e, a parir daí:
- usar a criatividade nas reuniões de oração.
- proporcionar seminários, retiros de primeira experiência, aprofundamentos de finais de semana.
- Encaminhar os servos para eventos da RCC e outros.
O coordenador é um líder. O Grupo de Oração precisa de sua liderança fiel ao Senhor, sábia e santa (cf. Jo 15, 16).
IV – O núcleo de serviço: Como primeiro momento do Grupo de Oração
O Grupo de Oração não se resuma a reunião de oração, embora esse seja o seu momento peculiar. Há necessidade de se ter uma caminhada programada que considere as necessidades dos participantes. Um bom planejamento para o Grupo de Oração abrange todos os serviços e ministérios. Inclui também, mecanismos para desenvolver o crescimento e a perseverança dos membros, introduzindo-os numa experiência comunitária e catequética.
Todo Grupo de Oração Carismático tem sua coesão, boa ordem, planejamento e continuidade assegurados pela núcleo de serviço, que é um pequeno grupo de servos, que assume o grupo todo em sua espiritualidade e estrutura. As finalidades do núcleo são:3
a) Avaliar o que Deus fez em cada reunião, discernimento em oração o que deus disse. Pode avaliar com foi a reunião respondendo a alguns questionamentos, tais como: “Houve ensinamento?”, “Os louvores foram cheios de amor e alegria? ”, “Os cantos foram ungidos e levaram o povo a louvar”, “Como foi a acolhida”, Houve profecias?”, Houve testemunhos?”. “Como foi a evangelização?, “Foi enriquecedora a manifestação da caridade, da fraternidade, da comunhão?”, etc.
b) Acompanhar e assistir os fiéis que estão no grupo em suas necessidades pessoais(doenças, dificuldades de oração, perda da paciência, ausência nas reuniões, etc) encaminhando-os aos serviços 9intercessão, cura e libertação, cura interior, grupo de perseverança, etc.)
c) Revezar-se na condução da reunião de oração, sempre em um clima de fraternidade e cooperação.
d) Interceder constantemente pelo Grupo de Oração do qual faz parte.
e) Preparar as reuniões do Grupo de Oração, distribuindo os serviços e responsabilidades, escolhendo, preparando a pregação e rezando por aqueles que desempenham alguma função.
f) Os membros do núcleo de serviço do grupo de Oração devem ser bem formados e profundamente dados à oração, trinados no discernimento comunitário, obedientes e dispostos a dar a vida no serviço do Senhor.
O perfil ideal do participante do núcleo inclui:
· Constância nas reuniões de oração.
· Frutos de conversão.
· Responsabilidade
· Maturidade humana e espiritual
· Carisma de liderança
· Senso eclesial e aceitação comunitária
No geral, o coordenador deve escolher seus auxiliares em oração e com bastante discernimento.
Normalmente, as pessoas de algum tempo de caminhada no grupo de oração antes de fazerem parte do núcleo de serviço. As pessoas menos indicadas para o núcleo de serviço são: as que têm algum desequilíbrio emocional/psíquico ou carências afetivas muito fortes; as que se relacionam mal e perturbam a paz; pessoas autoritárias, imaturas no uso dos carismas ou que tenham restrições à doutrina da Igreja. Também é preciso tomar cuidado com aqueles que utilizam o núcleo para tentarem solucionar problemas pessoais ou para se auto afirmarem.
A reunião do núcleo de serviço
A reunião do núcleo de serviço é o momento da experiência de pentecostes (cf. At 2, 1-4), onde cada participante, transbordando de graças se tornará canal de bênçãos na reunião de oração seguinte. Daí brota a pregação, que supera as expectativas de todo o povo.
A motivação é o amor de Deus. O núcleo tem que rezar para que o pentecostes se repita para ele e para todos aqueles que são chamados de acordo com a vontade de Deus (cf. At 2, 39).
O núcleo de serviço do Grupo de Oração deve reunir-se semanalmente, com dia e horário definido, para melhor exercer seu apostolado (cf. Sl 14, 33); e deve haver sigilo absoluto do que ali for tratado (cf. 140, 3). Antes de mais nada, rezar, rezar e rezar; insistir, a exemplo dos Apóstolos após a libertação de Pedro e João (cf. At 4, 23-31), que o Senhor derrame nova e abundantemente seu Santo Espírito e que renove as manifestações dos carismas.
V – Ministérios no Grupo de Oração
Os servos do núcleo de serviço são responsáveis pelo Grupo de Oração como um todo. Daí a necessidade de receberem formação para os diversos ministérios.
O termo “ministério” é amplamente usada na Renovação Carismática para designar de uma maneira geral, os diversos serviços do Grupo de Oração. São estes os mais comuns: ministério de cura, ministério de música, ministério de pregação, entre outros.
As equipes ou ministérios devem ser formados na medida da necessidade e da realidade de cada Grupo de Oração. Seus membros devem ser escolhidos e oração e de acordo com os vários dons que surgem. Para cada necessidade há pessoas ungidas pelo Espírito para seu atendimento (cf. Rm 12, 6-8; cf. I Cor 12, 7-10).
As pessoas que formarão as diversas equipes, para os diversos serviços do grupo de oração devem ser recrutadas dentre aquelas que já se identificam com a espiritualidade da RCC, que possuem e sejam disponíveis.
Cada ministério é sustentado por carisma específico
Os ministros exercem seu serviço participando do ministério de Jesus. Portanto, ministério é um serviço prestado à comunidade com a capacitação dos carismas. “Ministério é, antes de tudo, um carisma, ou seja, um dom do Alto, do Pai, pelo Filho, no Espírito, que torna seu portador apto a desempenhar determinadas atividades, serviços e ministérios em ordem à salvação”7
Todos os cristãos têm carismas do Espírito Santo na medida da necessidade da comunidade, mas exercem um ministério especifico que depende mais de um carisma que do outro. Por exemplo, o ministro de cura necessita muito mais do carisma de cura; o coordenador do grupo necessita da palavra de sabedoria e do discernimento e assim por diante. No entanto, apesar de serem esses os carismas mais específicos desses ministérios, nenhum carisma existe ou pode ser exercido isoladamente. Seja qual for o ministério ao qual o Senhor nos chama, necessitamos sempre do auxílio de todos os carismas para exercê-lo com o poder de Deus.
Ao instituir seus ministros, Deus os capacita para exercerem sua missão, que sempre terá como objetivo a glorificação de Deus e a conversão de seus filhos. Por isso, Ele dota seus ministros dos dons, dos talentos e das aptidões que eles vão precisar para exercer os ministérios, de tal forma que possam contar sempre com a graça, afim de não cair na tentação da auto-suficiência e de um exercício simplesmente humano de serviço a Igreja.
“Mas, só pode ser considerado ministério o carisma que, na comunidade e em vista da missão na Igreja e no mundo, assume a forma de serviço bem determinado.”4
A autoridade do ministro é exercida na autoridade de Jesus
A autoridade do ministro vem da autoridade de Jesus. É um dom do Espírito Santo; e isto é o que faz diferença entre a sua e as outras autoridades. Não é uma simples delegação de poder, mas o ministro de Jesus. Ele exerce o seu ministério como o próprio Jesus exerceria. (cf. Jo 15, 16).
Portanto, o ministro ao exercer seu serviço hoje, conta com o mesmo poder de Jesus Cristo (cf. Jo 14, 12). O poder é de Jesus; então, nada de orgulho, nada de se achar o melhor, o mais santo (cf. Lc 17, 10). Um servo olha não para as obras de suas mãos, mas para o autor que é Deus. Nunca deve atribuir a si os méritos das obras que realiza, mas unicamente a Ele.
O Espírito Santo é a fonte dos ministérios
É importante a consciência de que todos os serviços prestados ao reino de Deus, em nome de Jesus Cristo, em última análise, de origem divina, acontecem sob a ação do Espírito Santo. É Ele quem dá a força para testemunhar Jesus Cristo “até os confins da terra” (cf. At 1, 8) e cumula de carismas; sem Ele a missão será de baixa eficiência, fraco desempenho, ausência de criatividade, de zelo e de perseverança.
O Espírito Santo comunica ao ministro sua força e o capacita para a ação de servir à comunidade. Foi o que aconteceu com os apóstolos e com os discípulos de Jesus em pentecostes (cf. At 2, 1-13); com os diáconos, após a oração feita sobre eles (cf. At 6, 1-7); e com Paulo, após a imposição das mãos de Ananias (cf. At 9, 10-30). Com a ação do Espírito Santo, todos se tornaram intrépidos ministros do Senhor.
Fundamentação Doutrinária
A título de “fundamentação doutrinária” sugerimos alguns textos para consulta e aprofundamento: Lúmen Gentium, II; Dei Verbum, 21; Apostolicam Actuositatem, 3; Christifidelis Laici, 58; Catecismo da Igreja Católica, 2003.
Notas
1 – Alírio Pedrini, Grupos de oração, p. 13
2 – João Paulo II, apud RCC, lideranças na RCC, p. 54.
3 – Emmir Nogueira ET AL, Grupo de oração, p.7.
4 – CNBB, Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas, n. 85
Atenciosamente.
Coordenador: Marcone José da Silva e
Vice-coodernadora: Elena Maria Simões Morais Garcia.
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